Os líderes das centrais sindicais entregaram nesta manhã uma carta ao vice-presidente Michel Temer com reivindicações da categoria. Na reunião, que foi realizada no Palácio do Jaburu, residência oficial do vice, eles defenderam, por uma hora e meia, pautas como o “redirecionamento” da política econômica, com mais ações para geração de emprego e renda, o programa de renovação de frota de veículos para estimular a indústria automobilística, taxação de grandes fortunas e se posicionaram de forma contrária à perda de direitos com a reforma da Previdência. Antes da reunião com as centrais, Temer se encontrou com o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha.
Segundo o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (SD/SP), o vice-presidente teria garantido no encontro que não quer mexer nos direitos dos trabalhadores e programas sociais.
— Ele deixou uma tranquilidade com relação aos direitos dos trabalhadores, com relação a questões sociais como o Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida, Pronatec. Tudo isso ele disse que a gente pode ficar tranquilo que ele não mexerá.
Participaram da reunião ainda os presidentes da CSB (Central Sindical Brasileira), Antonio Neto; da Nova Central Sindical de Trabalhadores, José Calixto Ramos; da Força Sindical, Miguel Torres; e União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah. Segundo os participantes, Temer deixou claro que espera a decisão do Senado “com tranquilidade” e que não quer se precipitar, mas adotou um tom conciliatório para falar sobre um possível governo.
— Ele sempre coloca na condicional, diz que "se o destino assim quiser"... E disse que se for, porventura, guindado à Presidência da República, vai procurar fazer um papel que sempre cumpriu na vida, que é conciliatório. Ele quer fazer um governo de reconstrução, de unidade nacional — contou Neto, da CSB.
Na pauta dos sindicalistas estão a correção da tabela do Imposto de Renda, a melhoria dos benefícios pagos a aposentados e pensionistas e uma política de valorização do salário mínimo e a taxação de grandes fortunas. Segundo o presidente da Força Sindical, Miguel Torres, com a proposta de taxar fortunas e bens de luxo, como aeronaves e embarcações, seria possível ao governo arrecadar mais de R$ 111 bilhões.
— Tomadas algumas medidas, dá até para o estado ter mais de de R$ 111 bilhões, (com) taxação de grandes fortunas, taxação de remessas de lucro, imposto sobre bens de muito valor como helicópteros e lanchas. É uma proposta que pode dar uma folga se ele tiver essa coragem de enfrentar essa situação
CRÍTICA AOS JUROS ALTOS
Outra medida apontada pelos sindicalistas para impulsionar a economia é o programa de renovação de frota. A proposta já foi pautada diversas vezes dentro de vários governos nos últimos 20 anos e permite aos donos de veículos com mais de 20 anos se desfazerem de seus carros e, em troca, receberem uma carta de crédito para aquisição de um novo automóvel.
Da última vez em que o assunto voltou à pauta, em janeiro deste ano, a Associação Nacional de Fabricantes de Veículos (Anfavea) estimava que ao menos 230 mil caminhões que rodam hoje nas estradas brasileiras têm mais de 30 anos de idade. Para os representantes das centrais, essa é uma forma de “alavancar” o setor.
Os sindicalistas criticaram ainda a possível perda de direitos com a reforma da Previdência.
— Vamos discutir a Previdência desde que não seja para tirar direitos dos trabalhadores. Você tem hoje mais de 40 milhões de brasileiros que estão na Previdência e essas pessoas precisam ser preservadas — afirmou Torres.
Outro ponto criticado é a manutenção dos juros em um patamar alto:
— Nós deixamos bastante claro a questão dos juros. Não é possível produzir e crescer com um juro de 14,5% ao ano. O país não aguenta uma taxa de juros desse tamanho. Hoje o Copom se reúne, mas daqui a 40 dias, quando se reunirá de novo, a Presidência vai estar na mão do Michel Temer. Então tem que ver como a gente baixa isso — disse Paulinho da Força.