As 10 maiores doadoras de campanha em Mato Grosso do Sul repassaram R$ 21.998.302,50 a candidatos e partidos políticos. Na lista, duas que são investigadas por irregularidades em contratos. Quem mais recebeu recurso foi o PMDB-MS e dos candidatos, senador Delcídio do Amaral (PT), que disputou o governo do Estado.
Os dados foram extraídos da prestação de contas parcial da Justiça Eleitoral. O relatório final será feito depois da apresentação de contas dos candidatos que disputaram o segundo turno. O prazo da entrega termina no dia 29 de novembro.
No topo do ranking está a JBS S/A que doou ao todo R$ 5.558.302,50. Os beneficiados foram o PMDB-MS que ‘mordeu’ a maior fatia e recebeu R$ 5 milhões, o deputado federal reeleito, Geraldo Rezende (PMDB), R$ 150 mil, o candidato ao Senado, Alcides Bernal (PP), R$ 400 mil – via diretório nacional.
Em seguida aparece a Iaco Agrícola que doou R$ 3 milhões, sendo dois terços para o PMDB-MS e um terço para a deputada federal eleita, Tereza Cristina (PSB), que foi candidata da coligação peemedebista. A empresa neste ano “ganhou” a pavimentação da rodovia MS-425 que dá acesso à usina. O trecho de 15 quilômetros custou aos cofres do governo do Estado R$ 13.927.801.
A construtora UTC Engenharia S/A também foi generosa. Só para Delcídio foram enviados mais de R$ 2 milhões, ao PDT-MS repassou R$ 1,5 milhão, ao PR-MS R$ 1.050.000 e a três candidatos do PTB não eleitos um total de R$ 15 mil. O petista também recebeu ajuda das construtoras Triunfo que doou para sua campanha R$ 1 milhão; Andrade Gutierrez, R$ 2.850.00; e Equipav Engenharia, R$ 1.425.000.
Outra doadora de sete dígitos foi a Adeacoagro Vale do Ivinhema S.A. que repassou R$ 1.100.000 a dois candidatos e um partido. Mais uma vez a ex-secretária da Seprotur (Secretaria do Estado de Produção e Turismo), Tereza Cristina, foi beneficiada. Ela recebeu R$ 600 mil, o deputado estadual eleito, ex-prefeito de Ivinhema Renato Câmara (PMDB), ficou com R$ 100 mil e o PSB-MS com R$ 400 mil.
Seis dígitos
Para completar a lista das dez maiores doadoras estão a H2L Equipamentos e Sistemas, Digitho Brasil e a Itel Informática. A primeira repassou ao PMDB estadual R$ 850.000 em três datas. As outras duas são suspeitas de irregularidades.
A Digitho que doou um total de R$ 952.500 para o DEM-MS, PSD-MS, PMDB-MS e aos candidatos Roberto Durães (PT) e Coronel Ivan (PEN). A empresa tem vários contratos com governo de Mato Grosso do Sul. O último, firmado em setembro deste ano, foi de R$ 6.931.340,00 com a SED (Secretaria de Estado de Educação) para fornecimento de licença para uso de software com serviços de manutenção e alocação de horas técnicas pelo valor pago.
Além disso, a empresa teve um contrato com o governo do Estado aditivado pela sexta vez no começo de junho deste ano, a empresa Digitho também venceu uma licitação de R$ 48,9 milhões.
A Itel é outra empresa doadora suspeita de irregularidades. A última foi o resultado do pregão presencial 127/2014, divulgado no dia 17 de outubro que confirmou a suspeita de empresários da Capital da vencedora ser a Itel. O contrato de R$ 14,6 milhões com a Prefeitura de Campo Grande para supostamente prestar serviços de digitalização de documentos, manutenção de sistemas de informação e operacionalização de soluções do IMTI (Instituto Municipal de Tecnologia da Informação) e da Agetran (Agência Municipal de Trânsito) foi a empresa Itel Informática.
Neste ano, a Itel ajudou a campanha a governador de Delcídio do Amaral, até o momento, com R$ 450 mil. Doou ainda R$ 50 mil para Luiz Henrique Mandetta (DEM), que foi reeleito deputado federal, e R$ 100 mil para Flávio Kayatt (PSDB), eleito deputado estadual.
Doadoras de campanha
As duas empresas que participaram da licitação são gigantes em arrecadação pelo serviço com o governo do Estado. A Itel faturou de 2010 até o momento, mais de R$ 71 milhões e a Digithobrasil recebeu R$ 153.226.144,87 de 2011 até então. Atualmente, a empresa mantém R$ 54.262.439,70 em contratos com a administração pública do Estado.
A empresa Digithobrasil está na lista de doadoras de campanha. Em 2012, a empresa doou R$ 600 mil ao comitê do PMDB nas eleições, quando Edson Giroto foi candidato a prefeitura de Campo Grande e perdeu as eleições. Nas eleições de 2010, a empresa doou R$ 250 mil a campanha de André Puccinelli (PMDB) e R$ 50 mil ao candidato a deputado estadual Ary Rigo (PSDB).
Já a Itel Informática, de João Baird, mantém mais de R$ 71 milhões em contratos com o governo do Estado e doou em 2010 para a campanha ao governo de André Puccinelli (PMDB), R$ 500 mil. Na campanha de 2012, a empresa doou mais R$ 535 mil para dois candidatos a Prefeito.
O dono, João Baird, por sua vez, também mantém generosas doações nas últimas campanhas eleitorais. Em 2010, ele 'ajudou' o futuro cliente, Puccinelli, com R$ 1,7 milhão. Dois anos mais tarde, ele doou mais R$ 350 mil para dois candidatos a prefeito.
Nas eleições atuais Baird também ajudou candidatos em MS. Até o momento, ele doou R$ 300 mil para a campanha do petista Delcídio do Amaral e ajudou Luis Henrique Mandeta com R$ 100. Ajudou ainda Maria Eloir Rodrigues Vilante (PMDB), candidata a deputada federal e Marilza Carlos da Silva (PTN), candidata a deputada estadual, com R$ 5 mil e R$ 3 mil, respectivamente.
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